Ficha Técnica
Ano/País: Espanha,2013
Direção:  Alex de la Iglesia
Elenco: Hugo Silva, Carmem Maura, Mario Casas, Carolina Banf

Sinopse: Grupo de assaltantes amadores e atrapalhados assaltam uma pequena loja de ouro em Madrid. Na fuga acabam em uma floresta onde vive uma comunidade governada por 3 bruxas seculares que aguardam a chegada de um predestinado.
 
Cotação

****


Comentário:

Anárquico, irreverente, debochado, inteligente, inovador, surpreendente. Há vários outros adjetivos para definir o cinema deste cineasta singular que é Iglesia. Desde de sua obra prima, O Dia da Besta, o diretor tem mantido sua tradição com filmes camaleônicos, daqueles que você sabe como começa, mas jamais, repito, jamais saberá como termina. Ele é um dos poucos diretores que consegue misturar de forma fantástica vários gêneros num só filme, o que torna muitas vezes tarefa difícil classificar suas obras. Terror com humor (Ação Mutante), romance com terror (Balada do Amor e do Ódio) , faroeste de ação ( Perdita Durango), drama sobrenatural (Presença do Mal) e vai por aí. Mas não se deixe enganar! Por trás de toda a anarquia proposta, se esconde sempre uma ácida e inteligente crítica à sociedade e seus costumes, à política, à religião e à cultura pop. O ritmo frenético também é sua marca registrada. Não dá tempo para se recuperar de uma cena e já entra outra no mesmo molde, além é claro das famosas reviravoltas, visual kitsch, enfim!

Com este As Bruxas não foi diferente, é um terror cômico de ação. Sacou? Pois é, primeiramente é preciso aceitar a proposta maluca do diretor, só assim você irá curtir o humor negríssimo marcante nas cenas ora nonsense, ora bizarras. Um grupo de assaltantes amadores liderados por Jose (Silva) e seu filho de 12 anos resolvem assaltar uma pequena loja de ouro em Madrid. O plano não sai como o esperado e eles são obrigados a fugir para a França. No caminho, acabam adentrando num bosque amaldiçoado, onde vive uma pequena comunidade liderada por um família de bruxas cuja matriarca está à espera do predestinado. Não é aconselhável contar algo mais para não estragar as surpresas. Iglesia  usa o fantástico e o sobrenatural para brincar com a velha guerra dos sexos, escancara seu humor negro em cenas fantasticamente dirigidas e de quebra inicia o longa com uma sequência de ação de tirar o fôlego (o assalto) e muito, muito inusitada e engraçada. Não fez outra obra-prima, mas fez um filme que certamente está muito acima da média do que é despejado nos cinemas semanalmente. Um dos meus diretores favoritos. Uma pena que ainda não obteve o merecido reconhecimento aqui no Brasil. 

por Valdeci Oliveira